Injeção Intravítrea de Antiangiogênicos
Procedimento oftalmológico essencial para tratar doenças da retina como DMRI e edema macular diabético, envolvendo a aplicação direta de medicamentos no olho para impedir o crescimento de vasos sanguíneos prejudiciais.
A medicina oftalmológica tem evoluído rapidamente, trazendo novas esperanças e soluções para pacientes com doenças da retina. Entre os avanços mais significativos está a injeção intravítrea de antiangiogênicos, um tratamento inovador que tem transformado a vida de muitos. Este procedimento de "injeção no olho", que pode parecer assustador à primeira vista, é na verdade um grande marco no cuidado ocular. Como médica oftalmologista especialista em retina, quero compartilhar insights importantes sobre o que são essas injeções e como elas ajudam na preservação da saúde visual.
O procedimento de injeção intravítrea envolve a administração cuidadosa do medicamento diretamente no vítreo, uma substância gelatinosa que preenche o olho. Realizado em ambiente clínico, por um retinólogo (especialista em retina), sob anestesia local, é um processo rápido e geralmente indolor. O paciente pode sentir uma leve pressão, mas raramente há desconforto significativo. Após a injeção intraocualr, é comum que o paciente tenha a visão um pouco embaçada, mas isso geralmente se resolve em algumas horas ou dias.
O que são os Antiangiogênicos?
Antiangiogênicos são medicamentos projetados para combater o crescimento anormal de vasos sanguíneos no olho, uma condição comum em doenças como a degeneração macular relacionada à idade (DMRI) e o edema macular diabético. Estes vasos sanguíneos frágeis e anormais podem causar sangramento e vazamento de fluidos, levando à perda de visão. A terapia com antiangiogênicos visa estabilizar e, em alguns casos, melhorar a visão ao prevenir o crescimento desses vasos prejudiciais.
Como em qualquer procedimento médico, há riscos associados às injeções intravítreas, mas são minimizados quando realizados por um oftalmologista experiente e com todos os cuidados esperados para um procedimento cirúrgico. Os benefícios, no entanto, podem ser substanciais. Muitos pacientes relatam melhora na visão e na qualidade de vida. O acompanhamento regular com seu especialista em retina é crucial para avaliar a resposta ao tratamento e ajustar conforme necessário.
Essas doenças oculares, geralmente não têm uma "cura" definitiva, mas sim um controle contínuo. O tratamento é, portanto, um processo prolongado e personalizado. Inicialmente, as injeções podem ser mais frequentes, como uma vez por mês, para estabilizar a condição. Com o tempo, com base na resposta do paciente ao tratamento, os intervalos entre as injeções podem ser ajustados.
Avanços no tratamento da DMRI e Diabete Ocular
Dentre os medicamentos antiangiogênicos mais eficazes na luta contra a DMRI e complicações oculares do diabetes, destacam-se o Eylea® (aflibercept) e o Lucentis® (ranibizumab). Ambos são aprovados por órgãos reguladores de saúde em todo o mundo e têm mostrado resultados promissores na prática clínica.
O aflibercept, conhecido pelo nome comercial Eylea®, é um medicamento desenvolvido para tratar a DMRI úmida e o edema macular diabético. Sua ação consiste em bloquear a proteína VEGF (Fator de Crescimento Endotelial Vascular), que estimula o crescimento de novos vasos sanguíneos no olho. Isso ajuda a reduzir o inchaço e o sangramento causados por esses vasos anormais. O Eylea® tem sido amplamente elogiado por sua eficácia na estabilização e, em alguns casos, na melhoria da visão em pacientes com essas condições.
Similar ao Eylea®, o Lucentis® (ranibizumab) é outro medicamento intravítreo utilizado para tratar a DMRI úmida, bem como o edema macular diabético e a retinopatia diabética. Ele também age inibindo a proteína VEGF, reduzindo o crescimento de vasos sanguíneos prejudiciais e diminuindo o vazamento e o inchaço na retina. No diabetes, o antiangiogênico, ainda, tem função de inibir o processo inflamatório que causa o edema macular. O Lucentis® tem sido um divisor de águas no tratamento da DMRI, oferecendo aos pacientes a possibilidade de não apenas prevenir a perda de visão, mas em muitos casos, melhorar a acuidade visual.
A escolha entre Eylea® e Lucentis® depende de vários fatores, incluindo a condição específica do olho do paciente, a resposta ao tratamento e as considerações de saúde geral. Em alguns casos, os pacientes podem começar o tratamento com um medicamento e depois mudar para o outro, dependendo de como respondem. É vital ter um acompanhamento regular com um especialista em retina para monitorar a eficácia do tratamento com injeção intravítrea e fazer ajustes conforme necessário.
Avastin®: Uma opção acessível para Tratamento Ocular
O Avastin®, nome comercial do bevacizumabe, foi originalmente desenvolvido para o tratamento de certos tipos de câncer, mas também tem sido utilizado off-label para tratar a DMRI úmida e complicações oculares do diabetes. Sua ação é semelhante à do Eylea® e do Lucentis®, inibindo a proteína VEGF e, consequentemente, o crescimento de vasos sanguíneos anormais na retina. Apesar de não ser aprovado especificamente para uso oftalmológico em muitos países, muitos especialistas o utilizam devido ao seu custo mais acessível e eficácia comprovada.
Embora o Avastin® tenha ganhado notoriedade por ter um preço menor, tornando-se uma opção até três vezes mais barata para o tratamento com antiangiogênico do que as demais medicação, sua utilização para problemas oculares é off-label, o que significa que ele não foi especificamente aprovado para essa finalidade pelas agências reguladoras de saúde. No entanto, estudos mostram que ele pode ser eficaz para muitos pacientes com DMRI úmida e edema macular diabético. A escolha entre Avastin®, Eylea® e Lucentis® muitas vezes depende de fatores como a cobertura de seguro, as preferências do paciente e a experiência clínica do médico.
Ao considerar o Avastin® para problemas oculares, é importante discutir os riscos e benefícios com um especialista em retina. O oftalmologista com essa subespecialidade pode avaliar os riscos e benefícios do medicamento, considerando o histórico médico e a condição específica do paciente. Apesar de seu uso off-label, o Avastin® tem mostrado resultados positivos em muitos casos, oferecendo uma opção de tratamento mais econômica para pacientes e médicos.
Novas gerações de Terapia Anti-VEGF
Em 2023, houve avanços significativos em terapias anti-VEGF oculares. Uma das mais recentes inovações no campo do tratamento de doenças oculares é o Vabysmo® (faricimab), um medicamento anti-VEGF de nova geração. Diferenciando-se de seus predecessores, o Vabysmo® atua não apenas na inibição do VEGF, mas também bloqueia outra proteína chamada Ang-2. Esta ação dupla oferece um novo mecanismo para o tratamento da DMRI úmida e do edema macular diabético. A capacidade do Vabysmo de atuar em duas frentes distintas representa um avanço significativo, potencialmente proporcionando maior eficácia e a possibilidade de intervalos mais longos entre as injeções para os pacientes.
Outro avanço é o EYLEA® HD (Aflibercept, 8 mg), uma versão de alta dosagem do Eylea. Em ensaios clínicos, o EYLEA® HD mostrou resultados positivos em pacientes com degeneração macular relacionada à idade (DMRI) úmida, oferecendo benefícios visuais e anatômicos sustentados com intervalos de dosagem prolongados. Isso pode reduzir o ônus do tratamento para pacientes com doenças retinianas exsudativas.
Além desses, existem outros desenvolvimentos, como o IBI302 (Efdamrofusp Alfa), que está em estudo clínico de Fase 3 para avaliar sua segurança e eficácia em pacientes com DMRI neovascular. Este medicamento é uma proteína de fusão biespecífica recombinante totalmente humana anti-VEGF e anti-complemento, ele inova ao inibir simultaneamente as vias de sinalização mediadas pelo VEGF e atenuar as respostas inflamatórias mediadas pela ativação do complemento. Outro desenvolvimento é a droga KSI-301, da Kodiak, um conjugado anti-VEGF-biopolímero com uma meia-vida significativamente mais longa na cavidade vítrea, sugerindo um efeito de tratamento sustentado por até 6 meses.
Estes avanços refletem a contínua inovação no campo da oftalmologia e prometem novas opções de tratamento para pacientes com condições retinianas relacionadas ao VEGF.
Independentemente do medicamento escolhido, o acompanhamento regular com um oftalmologista especialista é crucial. Estes tratamentos requerem monitoramento contínuo para avaliar a eficácia, ajustar as dosagens e garantir a segurança do paciente. A tomografia de coerência óptica (OCT) e outras avaliações realizadas pelo retinólogo são ferramentas valiosas para monitorar a resposta ao tratamento e ajudar na decisão de quando e com que frequência as injeções são necessárias. Além disso, os avanços na medicina oftalmológica continuam a surgir, oferecendo novas esperanças e opções de tratamento.